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Post by Claudio66 on Dec 9, 2021 10:54:07 GMT -3.5
Li recentemente um artigo curto do Ricardo Schweitzer em que ele afirma que boas empresas estariam baratas e que, por esse motivo, esse seria um bom momento para trocarmos empresas mais ou menos que temos em carteira por elas. A lógica dele seria a de que, em geral, compramos ações de empresas que não são as ideais apenas porque estão com um desconto sobre empresas boas que verdadeiramente gostaríamos de ter. Agora que este desconto teria desaparecido, o correto seria migrarmos para as boas empresas. Achei o ponto válido,mas, tirando bancos, não estou vendo boas empresas baratas e sim empresas cíclicas de commodities com P/L muito baixo, mas com P/VP alto, o que, a depender do valor futuro das commodities, pode ser tanto uma armadilha como uma oportunidade. Que boas empresas enxergam como estando baratas? É preciso primeiro entender o que é uma "boa empresa".
Para alguns, precisa de uma boa regulamentação de governança corporativa. Para mim, a melhor governança é um controlador com percentual elevado do capital total.
Para outros, precisa ser lucrativa. Para mim precisa estar num setor sem grandes expectativas de mudança na demanda e na tecnologia no longo prazo (20 anos), e ter uma diferencial competitivo no setor (por exemplo: alguma exclusividade, como mineradoras e petrolíferas, que têm acesso exclusivo às minas e campos; uma marca valorizada, que permite extensão para vários produtos, como Melissa ou Sadia). Mesmo que não seja lucrativa no presente, pode se tornar no futuro. E pelo contrário, sem essas características, mesmo que seja lucrativa no presente, os lucros podem degenerar rapidamente. (Esse, para mim, é o caso de Tupy e Mahle Metal Leve, que são muito dependentes do mercado de motores à combustão.)
Para outros, ainda, precisa ter crescimento exponencial. Isso para mim é o mais difícil de tudo, pois é grande a chance de chegar atrasado e o crescimento de receita não se converter em lucros exorbitantes. (Esse é o caso da Magazine Luiza.)
Então vou falar, como você pediu, de empresas com P/L baixo e P/VP baixo (nem sempre), focando naquelas que acho que têm motivo para se manterem lucrativas no longo prazo, e abordando aspectos da governança corporativa. É preciso, no entanto, tomar cuidado no valor de P/L por causa dos créditos de PIS e COFINS decorrentes da exclusão de ICMS da base de dados. Para algumas empresas ocorreu nos últimos 12 meses o reconhecimento desse crédito (tanto em outras receitas operacionais, quanto em receitas financeiras, pela atualização monetária do valor). Por outro lado, o P/VP pode ser enganador na direção contrária, uma vez que frequentes prejuízos no passado podem derrubar o patrimônio líquido, que não reflete adequadamente o valor presente dos ativos da empresa.
Em primeiro lugar, estou bem interessado no setor têxtil. Acho difícil as pessoas deixarem de consumir vestuário e produtos de cama, mesa e banho. E não se trata de consumo cíclico. O grande problema desse setor no Brasil foi a sobrevalorização do real entre, aproximadamente, 2005 e 2015. Nesse período era praticamente impossível competir com os produtos chineses mesmo dentro do Brasil. Agora, com o real subvalorizado, o jogo se inverte, eliminando a competição estrangeira e, até, permitindo a competição em outros mercados. Além disso o setor tem no Brasil acesso preferencial à matéria-prima (algodão). Nesse setor eu destaco Dohler (DOHL4; P/L = 3,4; P/VP = 0,7) e Pettenati (PTNT4; P/L = 6,0/; P/VP = 1,0). Ambas têm controle concentrado (Pettenati tem 51% das ações nas mãos dos controladores e apenas 29% pulverizado; Dohler tem apenas 21% pulverizado). A Pettenati tem parte importante das operações em El Salvador, o que ajuda a diluir o risco Brasil. No caso de Pettenati cheguei a vender por R$ 7,49 em outubro e recentemente recomprei por cerca de R$ 6,00. Dohler cheguei a vender por R$ 7,24 em junho e recentemente fiz uma compra por R$ 6,05. O motivo da queda, aparentemente, foi apenas o sell off de Brasil. (Acho que alguns podem ter ficado assustado com o preço do algodão, ou com o aumento dos casos de COVID-19 nos EUA, destino da produção da Pettenati em El SAlvador, ou com a possibilidade de não prorrogação da desoneração da folha de pagamentos, mas isso são questões passageiras.) Outras duas que gosto no setor (e tenho na carteira) são Santanense (CTSA4; P/L= 4,6; P/VP = 0,5) e Cedro Cachoeira (CEDO4; P/L= 4,6; P/VP = 0,4). Aqui, apesar de o controle estar concentrado, não está na mão de pessoas físicas, mas da Coteminas. Isso é um problema, porque com frequência a Coteminas usa essas empresas para resolver seus problemas de caixa, fazendo com que comprem ativos ou se solidarizem com dívidas da controladora ou da Springs Global (SGPS3) que continua dando apenas prejuízo. No caso da Santanense, os preços caíram muito (mais de 60%), recentemente, o que acho que abriu uma grande oportunidade de compra. Novamente, acho que foi devido apenas ao sell off de Brasil, uma vez que não vi movimento do controlador que pudesse prejudicar mais a empresa. Por fim, no setor há um grande exemplo de turn around: a Karsten (CTKA4). Mas aqui a liquidez é tão baixa, o que eu tenho evitado, e a empresa tem patrimônio líquido negativo, o que impede o pagamento de proventos, a médio prazo. Obs: Vi, agora há pouco, que CTSA4 está com valorização de quase 10% hoje. Isso deveria ser apenas o começo de alta de pelo menos 30%.
Outro setor em que acho que há boas oportunidades, mas que é cíclico, é o de materiais de construção. No setor há 2 empresas que eu gosto: Eucatex (EUCA4; P/L = 2,7; P/VP = 0,5) e Eternit (ETER3; P/L = 3,4; P/VP = 2,1). A Eucatex, assim com o setor têxtil, tem acesso preferencial à matéria-prima (no caso, madeira), pela localização no Brasil. A Eternit tem a melhor rede de distribuição de material de construção do Brasil. Com o negócio de telhas (de polipropileno, concreto e fotovoltaicas) consolidado, poderá utilizar essa rede e a marca para estender a linha de produtos. Ambas podem exportar, ganhando com a taxa de câmbio. Porém, a Eternit exporta basicamente mineral crisotila, que pode ter a produção ou o transporte proibidos a qualquer momento.
O terceiro setor que eu acho importante é de papel e celulose, particularmente papelão e papel para embalagens, cuja demanda está sendo puxada pelo comércio online. Novamente é um setor cíclico. Os preços de papel e celulose, em dólar, estão relativamente altos em relação às medias históricas (cerca de 10%). Mas o dólar está bem mais alto que a média histórica. Assim, mesmo que os preços voltem à média em dólar, continuariam bastante favoráveis em reais. Mas eu não espero queda dos preços, pelo motivo do aumento da demanda pelo comércio online. Aqui, novamente o Brasil é privilegiado no setor, pela extensão de áreas para plantio do eucalipto, e o desenvolvimento de variedades adequadas para o clima e com crescimento rápido. No setor estou comprado em: Irani (RANI3; P/L = 7,4; P/VP = 2,0), Klabin (KLBN4; P/L = 8,0; P/VP = 4,9) e Suzano (SUZB3; P/L = 6,5 P/VP = 5,9). A minha favorita é RANI3, pelo potencial de crescimento e pela sustentabilidade. O setor ainda pode se beneficiar de aumento na liquidez e valor de créditos de carbono.
Com o dólar alto beneficiando a indústria, particularmente a de exportação, tenho investido em Taurus (TASA4; P/L = 4,1; P/VP = 4,8) e Eletro Aços Altona (EALT4; P/L = 4,7; P/VP = 0,7). A Taurus está se expandindo nos EUA e tem possibilidade de se expandir, também, na Índia. A Altona bateu no limite da capacidade de produção e está investindo para expandi-la. Produção no Brasil, mas participação elevada das exportações na receita.
Gosto ainda de frigoríficos, particularmente Marfrig (MRFG3; P/L = 3,2; P/VP = 3,2). Esse setor é, realmente, bem cíclico. Mas, novamente, se beneficia do dólar alto e diminui a exposição ao risco Brasil. No passado as empresas tiveram problema com o elevado nível de endividamento, que levou a seguidos prejuízos, mas conseguiram reduzir a alavancagem. No caso de Marfrig o endividamento líquido é menos de 2 vezes o EBIT.
E ainda guardo algumas ações do setor de construção civil: Cyrela (CYRE3; P/L = 6,7; P/VP = 1,0), JHSF (JHSF3;P/L = 4,1; P/VP = 0,9), Lavvi (LAVV3; P/L = 5,4; P/VP = 0,8) e Moura Dibeux (MDNE3; P/L = 6,3; P/VP = 0,5). Para mim Ez Tec (EZTC3) perdeu um pouco do encanto, porque entraram no segmento de renda com aluguel de escritórios, que acredito que vá atravessar um período difícil. além de ter reduzido os lançamentos residenciais. A minha favorita é JHSF, que está bem posicionada no segmento de renda recorrente, com hotéis e shopping centers bem localizados, e consistentemente apresenta bons resultados na incorporação. Melhor ainda, que na incorporação, tem vendido terrenos em condomínio, não sendo impactada pelo aumento do custo da construção, na incorporação.
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rst
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Post by rst on Dec 9, 2021 11:51:32 GMT -3.5
Cláudio, sua postagem está muito bem fundamentada. Porém, mais uma vez, não vejo as empresas que citou como exemplo de "boas empresas que sempre quis ter na carteira", ainda que, pelos motivos apresentados, possam ser boas oportunidades aos preços atuais.
Até o momento, únicas empresas que, na minha visão pessoal, parecem se enquadrar na ideia do Ricardo Schweitzer (empresas ótimas com um preço de empresas razoáveis) são EZTC, Sula e bancos (itub, BBdc e, apesar de não ser exatamente um banco, itsa justamente pela participação em itub).
Das diversas opiniões apresentadas até o momento, concluo que, diversamente do texto, não existem muitas empresas ótimas com preço razoável que justifiquem uma realocação da carteira.
No máximo, início de posição em Sula.
A enquete permanece aberta para quem quiser opinar.
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rst
Moderador
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Post by rst on Dec 9, 2021 14:38:04 GMT -3.5
Não tenho tanta certeza disso. O Lula de 2022 é totalmente diferente do Lula de 2002. O Lula da época tinha todo um futuro político pela frente, o de hoje é 20 anos mais velho e se não fosse a prisão estaria aposentado aproveitando os imóveis "dos amigos". Então eu acho que esse cara sem a mesma perspectiva de futuro está muito mais inclinado a dizer "dane-se" e não ser aquele Lula que jogou by the book. E a gente sabe o que um presidente com uma postura de quem não tem nada a perder pode fazer... Acho que o Lula não vai escolher um vice do naipe do Boulos nem a pau. Uma coisa é escolher uma Manuela de vice quando você não tem chance de ganhar (e nem quer). Mas quando é pra valer ele vai atrás de alguém que possa trazer algo. Tipo o Alckmin que pode trazer parte do eleitorado mais moderado. Acredito que dentro do PT tenha muita gente com essa mentalidade tudo ou nada que mencionou. Há inclusive uma certa radicalização em parte da base, cada vez mais semelhante com o PSOL. Mas o fato de o Lula se aproximar do Alckmin não é um sinal claro de que ele compreende que, sem moderação, não voltará ao poder? Enxergo o Lula como um cara que usa os radicais quando quer atacar alguém, mas quando toma suas decisões, afasta-se desses malucos e aproxima-se dos corruptos de Brasília.
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Post by ancasodi on Dec 9, 2021 14:56:14 GMT -3.5
Desalentador olhar as opções políticas para 2022... A 3ª via não apareceu.
Como diria certa filósofa: "se bozo ou lula ganhar, ninguém vai ganhar..." kkkkkkkk
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Neymar
Forista VIP
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Post by Neymar on Dec 9, 2021 16:51:37 GMT -3.5
Não tenho tanta certeza disso. O Lula de 2022 é totalmente diferente do Lula de 2002. O Lula da época tinha todo um futuro político pela frente, o de hoje é 20 anos mais velho e se não fosse a prisão estaria aposentado aproveitando os imóveis "dos amigos". Então eu acho que esse cara sem a mesma perspectiva de futuro está muito mais inclinado a dizer "dane-se" e não ser aquele Lula que jogou by the book. E a gente sabe o que um presidente com uma postura de quem não tem nada a perder pode fazer... Acho que o Lula não vai escolher um vice do naipe do Boulos nem a pau. Uma coisa é escolher uma Manuela de vice quando você não tem chance de ganhar (e nem quer). Mas quando é pra valer ele vai atrás de alguém que possa trazer algo. Tipo o Alckmin que pode trazer parte do eleitorado mais moderado. Acredito que dentro do PT tenha muita gente com essa mentalidade tudo ou nada que mencionou. Há inclusive uma certa radicalização em parte da base, cada vez mais semelhante com o PSOL. Mas o fato de o Lula se aproximar do Alckmin não é um sinal claro de que ele compreende que, sem moderação, não voltará ao poder? Enxergo o Lula como um cara que usa os radicais quando quer atacar alguém, mas quando toma suas decisões, afasta-se desses malucos e aproxima-se dos corruptos de Brasília. Sem dúvida, mas não estou falando do Lula candidato, estou falando do Lula presidente. Quando ele terminar o mandato vai estar com 80 anos. Acho muito difícil que um cara com essa idade tenha energia para segurar o rojão que vai ser a próxima presidência. Teto dos gastos foi feito para ser uma solução paleativa. Dentro das possibilidades era o melhor possível, mas tava na cara que não duraria muito e quando acabar vai ser uma briga gigantesca entre centrão, burocratas, fiesp, governadores e toda a turminha de sempre. O calote dos precatórios foi só um aperitivo disso. E a bomba vai estourar na mão do próximo presidente, que vai ter que fazer uma puta articulação. E eu acho que o Lula não tem condições físicas pra isso. Aliás eu também tenho medo do Moro com zero experiência política pegando um desafio desses.
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uqaz
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Post by uqaz on Dec 9, 2021 17:12:59 GMT -3.5
Cláudio, sua postagem está muito bem fundamentada. Porém, mais uma vez, não vejo as empresas que citou como exemplo de "boas empresas que sempre quis ter na carteira", ainda que, pelos motivos apresentados, possam ser boas oportunidades aos preços atuais. Até o momento, únicas empresas que, na minha visão pessoal, parecem se enquadrar na ideia do Ricardo Schweitzer (empresas ótimas com um preço de empresas razoáveis) são EZTC, Sula e bancos (itub, BBdc e, apesar de não ser exatamente um banco, itsa justamente pela participação em itub). Das diversas opiniões apresentadas até o momento, concluo que, diversamente do texto, não existem muitas empresas ótimas com preço razoável que justifiquem uma realocação da carteira. No máximo, início de posição em Sula. A enquete permanece aberta para quem quiser opinar. Eu tive a mesma impressão que vc. São empresas baratas, mas a minha intenção foi apresentar empresas boas e relativamente baratas pra se carregar (por longos anos, até q os fundamentos desandem). Rst, vc me deixou curioso. Além dessas que vc citou, quais outras empresas vc gostaria de ter (que estão caras na sua concepção)?
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nmx
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Post by nmx on Dec 9, 2021 18:53:56 GMT -3.5
Não tenho tanta certeza disso. O Lula de 2022 é totalmente diferente do Lula de 2002. O Lula da época tinha todo um futuro político pela frente, o de hoje é 20 anos mais velho e se não fosse a prisão estaria aposentado aproveitando os imóveis "dos amigos". Então eu acho que esse cara sem a mesma perspectiva de futuro está muito mais inclinado a dizer "dane-se" e não ser aquele Lula que jogou by the book. E a gente sabe o que um presidente com uma postura de quem não tem nada a perder pode fazer... Acho que o Lula não vai escolher um vice do naipe do Boulos nem a pau. Uma coisa é escolher uma Manuela de vice quando você não tem chance de ganhar (e nem quer). Mas quando é pra valer ele vai atrás de alguém que possa trazer algo. Tipo o Alckmin que pode trazer parte do eleitorado mais moderado. Acredito que dentro do PT tenha muita gente com essa mentalidade tudo ou nada que mencionou. Há inclusive uma certa radicalização em parte da base, cada vez mais semelhante com o PSOL. Mas o fato de o Lula se aproximar do Alckmin não é um sinal claro de que ele compreende que, sem moderação, não voltará ao poder? Enxergo o Lula como um cara que usa os radicais quando quer atacar alguém, mas quando toma suas decisões, afasta-se desses malucos e aproxima-se dos corruptos de Brasília. Penso como você. Não gosto e nunca votei no PT, mas não dá para desmerecer a inteligência (ou esperteza) do Lula. Continuo não votando nele, mas acho que ele acertou na mosca ao buscar o Alckmin como aliado e potencial vice. Acertou vários coelhos com uma pancada só.
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nmx
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Post by nmx on Dec 9, 2021 18:55:17 GMT -3.5
Acredito que dentro do PT tenha muita gente com essa mentalidade tudo ou nada que mencionou. Há inclusive uma certa radicalização em parte da base, cada vez mais semelhante com o PSOL. Mas o fato de o Lula se aproximar do Alckmin não é um sinal claro de que ele compreende que, sem moderação, não voltará ao poder? Enxergo o Lula como um cara que usa os radicais quando quer atacar alguém, mas quando toma suas decisões, afasta-se desses malucos e aproxima-se dos corruptos de Brasília. Sem dúvida, mas não estou falando do Lula candidato, estou falando do Lula presidente. Quando ele terminar o mandato vai estar com 80 anos. Acho muito difícil que um cara com essa idade tenha energia para segurar o rojão que vai ser a próxima presidência. Teto dos gastos foi feito para ser uma solução paleativa. Dentro das possibilidades era o melhor possível, mas tava na cara que não duraria muito e quando acabar vai ser uma briga gigantesca entre centrão, burocratas, fiesp, governadores e toda a turminha de sempre. O calote dos precatórios foi só um aperitivo disso. E a bomba vai estourar na mão do próximo presidente, que vai ter que fazer uma puta articulação. E eu acho que o Lula não tem condições físicas pra isso. Aliás eu também tenho medo do Moro com zero experiência política pegando um desafio desses.
Posso estar falando uma bobagem incrível, mas desde 2002 penso que o melhor presidente que tivemos foi o Temer.
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rst
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Post by rst on Dec 9, 2021 19:14:09 GMT -3.5
Cláudio, sua postagem está muito bem fundamentada. Porém, mais uma vez, não vejo as empresas que citou como exemplo de "boas empresas que sempre quis ter na carteira", ainda que, pelos motivos apresentados, possam ser boas oportunidades aos preços atuais. Até o momento, únicas empresas que, na minha visão pessoal, parecem se enquadrar na ideia do Ricardo Schweitzer (empresas ótimas com um preço de empresas razoáveis) são EZTC, Sula e bancos (itub, BBdc e, apesar de não ser exatamente um banco, itsa justamente pela participação em itub). Das diversas opiniões apresentadas até o momento, concluo que, diversamente do texto, não existem muitas empresas ótimas com preço razoável que justifiquem uma realocação da carteira. No máximo, início de posição em Sula. A enquete permanece aberta para quem quiser opinar. Eu tive a mesma impressão que vc. São empresas baratas, mas a minha intenção foi apresentar empresas boas e relativamente baratas pra se carregar (por longos anos, até q os fundamentos desandem). Rst, vc me deixou curioso. Além dessas que vc citou, quais outras empresas vc gostaria de ter (que estão caras na sua concepção)? Sem nenhuma ordem de preferência, apenas de memória: Itub BBdc B3sa Eqtl Wege pssa Lren (com um pouco de ceticismo) Arzz (com ceticismo moderado) Pnvl mult Vale Abev Mdia (com a ressalva de ser uma boa empresa tão somente em virtude de incentivos regionais) Grnd (mesma ressalva de mdia) Os nomes a seguir estão longe de ser unanimidade, mas também incluo na lista pela consistência que vêm apresentando nos lucros, não importa o cenário: Cgra shul Abcb Até não muito tempo, incluiria UGPA na primeira lista sem pensar. Continuo acreditando na empresa e inclusive a tenho em carteira, mas pela decepção dos últimos 3-4 anos, já não acho que esteja entre as melhores. Uma que poderia estar na lista se fosse privatizada é Petr. Negócio tão bom que sobreviveu à Dilma. Mas enquanto for estatal, está mais para a categoria junk. Fiquei na dúvida em incluir EZTC na listagem. Empresa é ótima, mas o setor é ruim. Juntando as duas coisas (qualidade da empresa e defeito do setor), ação é uma opção boa para mediana.
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Post by ancasodi on Dec 9, 2021 19:36:28 GMT -3.5
elétricas não rst?
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rst
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Post by rst on Dec 9, 2021 20:06:30 GMT -3.5
Mencionei uma:eqtl Mas não gosto do setor pelos seguintes motivos: 1) entender a regulação do setor é bastante importante para avaliar corretamente essas empresas. Mas a regulação é tão complexa que poucos a entendem minimamente. Como não entendo, prefiro ficar de fora; 2) concessões têm prazo determinado. Por isso, os dividendos que as empresas pagam tem que não apenas remunerar o seu capital, como, ainda, retornar o principal. Mercado geralmente precifica essas ações como se os contratos fossem perpétuos e joga os preços para o alto. Com isso, dividendos acabam sendo insuficientes para retornar o principal e, simultaneamente, oferecer uma remuneração adequada sobre o valor investido.
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Post by ancasodi on Dec 9, 2021 20:17:17 GMT -3.5
Realmente essa questão é complicada... Eu já estou saindo da queridinha da galera (taee11), migrei pra alup11 que deve começar a entregar dy forte, e consequentemente ser a nova queridinha.
EZTC3 é muito boa em tudo rst, ela não tem problema, o problema é só o setor e o país em que está... kkkkkk Essa é a mais antiga da carteira, sinto muita segurança em tê-la, mas fiz uma grande bobagem ao não vender quando bateu nos 50~60, cheguei a preparar a ordem! aquele erro de 'investidor' que se apaixona por ação... Mas no próximo ciclo não vou vacilar!
sucesso na sua busca de barganhas! Ps.: essa PNVL4 vc não acha que está bem barata não?
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rst
Moderador
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Post by rst on Dec 9, 2021 20:44:08 GMT -3.5
Realmente essa questão é complicada... Eu já estou saindo da queridinha da galera (taee11), migrei pra alup11 que deve começar a entregar dy forte, e consequentemente ser a nova queridinha. EZTC3 é muito boa em tudo rst, ela não tem problema, o problema é só o setor e o país em que está... kkkkkk Essa é a mais antiga da carteira, sinto muita segurança em tê-la, mas fiz uma grande bobagem ao não vender quando bateu nos 50~60, cheguei a preparar a ordem! aquele erro de 'investidor' que se apaixona por ação... Mas no próximo ciclo não vou vacilar! sucesso na sua busca de barganhas! Ps.: essa PNVL4 vc não acha que está bem barata não? Essa sua dor de corno, eu tenho não apenas com EZTC, como também com pnvl. Em ambos os casos a cotação foi claramente inflada para viabilizar um follow-on com pouca diluição. Correto teria sido vender. Não fiz e estou aqui chupando o dedo. Sobre PNVL3, não considero barata, mas os múltiplos atuais são aceitáveis e menores do que a média histórica. Aumentei posição nos 13,xx e tentei comprar mais um pouco quando logo depois bateu 10,50, mas não fui rápido o suficiente.
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Post by fundamentalista on Dec 9, 2021 23:39:03 GMT -3.5
Li recentemente um artigo curto do Ricardo Schweitzer em que ele afirma que boas empresas estariam baratas e que, por esse motivo, esse seria um bom momento para trocarmos empresas mais ou menos que temos em carteira por elas. A lógica dele seria a de que, em geral, compramos ações de empresas que não são as ideais apenas porque estão com um desconto sobre empresas boas que verdadeiramente gostaríamos de ter. Agora que este desconto teria desaparecido, o correto seria migrarmos para as boas empresas. Achei o ponto válido,mas, tirando bancos, não estou vendo boas empresas baratas e sim empresas cíclicas de commodities com P/L muito baixo, mas com P/VP alto, o que, a depender do valor futuro das commodities, pode ser tanto uma armadilha como uma oportunidade. Que boas empresas enxergam como estando baratas? É preciso primeiro entender o que é uma "boa empresa".
Para alguns, precisa de uma boa regulamentação de governança corporativa. Para mim, a melhor governança é um controlador com percentual elevado do capital total.
Para outros, precisa ser lucrativa. Para mim precisa estar num setor sem grandes expectativas de mudança na demanda e na tecnologia no longo prazo (20 anos), e ter uma diferencial competitivo no setor (por exemplo: alguma exclusividade, como mineradoras e petrolíferas, que têm acesso exclusivo às minas e campos; uma marca valorizada, que permite extensão para vários produtos, como Melissa ou Sadia). Mesmo que não seja lucrativa no presente, pode se tornar no futuro. E pelo contrário, sem essas características, mesmo que seja lucrativa no presente, os lucros podem degenerar rapidamente. (Esse, para mim, é o caso de Tupy e Mahle Metal Leve, que são muito dependentes do mercado de motores à combustão.)
Para outros, ainda, precisa ter crescimento exponencial. Isso para mim é o mais difícil de tudo, pois é grande a chance de chegar atrasado e o crescimento de receita não se converter em lucros exorbitantes. (Esse é o caso da Magazine Luiza.)
Então vou falar, como você pediu, de empresas com P/L baixo e P/VP baixo (nem sempre), focando naquelas que acho que têm motivo para se manterem lucrativas no longo prazo, e abordando aspectos da governança corporativa. É preciso, no entanto, tomar cuidado no valor de P/L por causa dos créditos de PIS e COFINS decorrentes da exclusão de ICMS da base de dados. Para algumas empresas ocorreu nos últimos 12 meses o reconhecimento desse crédito (tanto em outras receitas operacionais, quanto em receitas financeiras, pela atualização monetária do valor). Por outro lado, o P/VP pode ser enganador na direção contrária, uma vez que frequentes prejuízos no passado podem derrubar o patrimônio líquido, que não reflete adequadamente o valor presente dos ativos da empresa.
Em primeiro lugar, estou bem interessado no setor têxtil. Acho difícil as pessoas deixarem de consumir vestuário e produtos de cama, mesa e banho. E não se trata de consumo cíclico. O grande problema desse setor no Brasil foi a sobrevalorização do real entre, aproximadamente, 2005 e 2015. Nesse período era praticamente impossível competir com os produtos chineses mesmo dentro do Brasil. Agora, com o real subvalorizado, o jogo se inverte, eliminando a competição estrangeira e, até, permitindo a competição em outros mercados. Além disso o setor tem no Brasil acesso preferencial à matéria-prima (algodão). Nesse setor eu destaco Dohler (DOHL4; P/L = 3,4; P/VP = 0,7) e Pettenati (PTNT4; P/L = 6,0/; P/VP = 1,0). Ambas têm controle concentrado (Pettenati tem 51% das ações nas mãos dos controladores e apenas 29% pulverizado; Dohler tem apenas 21% pulverizado). A Pettenati tem parte importante das operações em El Salvador, o que ajuda a diluir o risco Brasil. No caso de Pettenati cheguei a vender por R$ 7,49 em outubro e recentemente recomprei por cerca de R$ 6,00. Dohler cheguei a vender por R$ 7,24 em junho e recentemente fiz uma compra por R$ 6,05. O motivo da queda, aparentemente, foi apenas o sell off de Brasil. (Acho que alguns podem ter ficado assustado com o preço do algodão, ou com o aumento dos casos de COVID-19 nos EUA, destino da produção da Pettenati em El SAlvador, ou com a possibilidade de não prorrogação da desoneração da folha de pagamentos, mas isso são questões passageiras.) Outras duas que gosto no setor (e tenho na carteira) são Santanense (CTSA4; P/L= 4,6; P/VP = 0,5) e Cedro Cachoeira (CEDO4; P/L= 4,6; P/VP = 0,4). Aqui, apesar de o controle estar concentrado, não está na mão de pessoas físicas, mas da Coteminas. Isso é um problema, porque com frequência a Coteminas usa essas empresas para resolver seus problemas de caixa, fazendo com que comprem ativos ou se solidarizem com dívidas da controladora ou da Springs Global (SGPS3) que continua dando apenas prejuízo. No caso da Santanense, os preços caíram muito (mais de 60%), recentemente, o que acho que abriu uma grande oportunidade de compra. Novamente, acho que foi devido apenas ao sell off de Brasil, uma vez que não vi movimento do controlador que pudesse prejudicar mais a empresa. Por fim, no setor há um grande exemplo de turn around: a Karsten (CTKA4). Mas aqui a liquidez é tão baixa, o que eu tenho evitado, e a empresa tem patrimônio líquido negativo, o que impede o pagamento de proventos, a médio prazo. Obs: Vi, agora há pouco, que CTSA4 está com valorização de quase 10% hoje. Isso deveria ser apenas o começo de alta de pelo menos 30%.
Outro setor em que acho que há boas oportunidades, mas que é cíclico, é o de materiais de construção. No setor há 2 empresas que eu gosto: Eucatex (EUCA4; P/L = 2,7; P/VP = 0,5) e Eternit (ETER3; P/L = 3,4; P/VP = 2,1). A Eucatex, assim com o setor têxtil, tem acesso preferencial à matéria-prima (no caso, madeira), pela localização no Brasil. A Eternit tem a melhor rede de distribuição de material de construção do Brasil. Com o negócio de telhas (de polipropileno, concreto e fotovoltaicas) consolidado, poderá utilizar essa rede e a marca para estender a linha de produtos. Ambas podem exportar, ganhando com a taxa de câmbio. Porém, a Eternit exporta basicamente mineral crisotila, que pode ter a produção ou o transporte proibidos a qualquer momento.
O terceiro setor que eu acho importante é de papel e celulose, particularmente papelão e papel para embalagens, cuja demanda está sendo puxada pelo comércio online. Novamente é um setor cíclico. Os preços de papel e celulose, em dólar, estão relativamente altos em relação às medias históricas (cerca de 10%). Mas o dólar está bem mais alto que a média histórica. Assim, mesmo que os preços voltem à média em dólar, continuariam bastante favoráveis em reais. Mas eu não espero queda dos preços, pelo motivo do aumento da demanda pelo comércio online. Aqui, novamente o Brasil é privilegiado no setor, pela extensão de áreas para plantio do eucalipto, e o desenvolvimento de variedades adequadas para o clima e com crescimento rápido. No setor estou comprado em: Irani (RANI3; P/L = 7,4; P/VP = 2,0), Klabin (KLBN4; P/L = 8,0; P/VP = 4,9) e Suzano (SUZB3; P/L = 6,5 P/VP = 5,9). A minha favorita é RANI3, pelo potencial de crescimento e pela sustentabilidade. O setor ainda pode se beneficiar de aumento na liquidez e valor de créditos de carbono.
Com o dólar alto beneficiando a indústria, particularmente a de exportação, tenho investido em Taurus (TASA4; P/L = 4,1; P/VP = 4,8) e Eletro Aços Altona (EALT4; P/L = 4,7; P/VP = 0,7). A Taurus está se expandindo nos EUA e tem possibilidade de se expandir, também, na Índia. A Altona bateu no limite da capacidade de produção e está investindo para expandi-la. Produção no Brasil, mas participação elevada das exportações na receita.
Gosto ainda de frigoríficos, particularmente Marfrig (MRFG3; P/L = 3,2; P/VP = 3,2). Esse setor é, realmente, bem cíclico. Mas, novamente, se beneficia do dólar alto e diminui a exposição ao risco Brasil. No passado as empresas tiveram problema com o elevado nível de endividamento, que levou a seguidos prejuízos, mas conseguiram reduzir a alavancagem. No caso de Marfrig o endividamento líquido é menos de 2 vezes o EBIT.
E ainda guardo algumas ações do setor de construção civil: Cyrela (CYRE3; P/L = 6,7; P/VP = 1,0), JHSF (JHSF3;P/L = 4,1; P/VP = 0,9), Lavvi (LAVV3; P/L = 5,4; P/VP = 0,8) e Moura Dibeux (MDNE3; P/L = 6,3; P/VP = 0,5). Para mim Ez Tec (EZTC3) perdeu um pouco do encanto, porque entraram no segmento de renda com aluguel de escritórios, que acredito que vá atravessar um período difícil. além de ter reduzido os lançamentos residenciais. A minha favorita é JHSF, que está bem posicionada no segmento de renda recorrente, com hotéis e shopping centers bem localizados, e consistentemente apresenta bons resultados na incorporação. Melhor ainda, que na incorporação, tem vendido terrenos em condomínio, não sendo impactada pelo aumento do custo da construção, na incorporação. Claudio66. Análise robusta. Gostei das empresas selecionadas. Nessa lista, incluiria algumas elétricas, como CPLE6, TRPL4 e ALUP11. Empresas de mineração apresentam alta valorização (VALE3, CSNA3, USIM5, GGBR4, FESA4), mas dependem de descobrir até onde vai o ciclo, algo muito difícil. Empresas Petroquímicas (BRKM5 e UNIP6) parecem também estarem no final do ciclo de excelência. Empresas de Saneamento (SAPR4 e CSMG3) estão baratas, mas metem medo em razão da regulação do setor. Bancos estão muito caros (ITUB3, BBDC3) e mesmo aqueles mais descontados (BRSR6 e BBAS3) tendem a crescer negativamente, salvo BPAC11 (que imita a XP), mas que não tenho coragem de compar. Agora CSAN3 (Cosan) parece uma grande oportunidade, em razão do desconto de Holding.
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rst
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Post by rst on Dec 10, 2021 8:46:42 GMT -3.5
Bancos estão muito caros (ITUB3, BBDC3) e mesmo aqueles mais descontados (BRSR6 e BBAS3) tendem a crescer negativamente Porque acredita que BBDC está caro? Tese da ameaça das fintechs?
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Post by fundamentalista on Dec 10, 2021 10:22:28 GMT -3.5
Isso, seguindo essa tese. Luiz Alves Paes de Barros, na entrevista a seguir, entende que ainda não é hora de comprar bancos. Vê às 1h03min e 1h10min da entrevista: www.youtube.com/watch?v=emuzpF0mGB4&t=0s.
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rst
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Post by rst on Dec 10, 2021 16:41:09 GMT -3.5
Isso, seguindo essa tese. Luiz Alves Paes de Barros, na entrevista a seguir, entende que ainda não é hora de comprar bancos. Vê às 1h03min e 1h10min da entrevista: www.youtube.com/watch?v=emuzpF0mGB4&t=0s. Valeu por compartilhar. Apresentadores não deixaram ele desenvolver a ideia, mas deu para entender o ponto de vista do Luis Alves. Não me convenci ainda dessa tese das fintechs, mas como também não é muito inteligente contrariar grandes investidores, protejo-me do erro limitando o tamanho da minha posição. Acredito que bancões continuarão dominando o setor por muitos anos. Se fosse um mercado fácil de competir, grandes bancos internacionais não teriam jogado a toalha, como aconteceu no passado XP e BTG são os dois únicos que estão avançando de forma lucrativa. Nenhum dos dois focou os esforços no varejo popular (BTG até o fez indiretamente, através do banco pan, mas foi mais um negócio que herdou ao adquirir uma empresa em liquidação do que uma estratégia planejada). Nenhuma dessas fintechs que apostaram no povão está dando lucro. Uma hora o dinheiro fácil dos investidores acaba e elas vão passar por dificuldades.
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uqaz
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Post by uqaz on Dec 10, 2021 17:18:39 GMT -3.5
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uqaz
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Post by uqaz on Dec 11, 2021 11:38:06 GMT -3.5
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Post by Sultão do Swing on Dec 12, 2021 19:57:02 GMT -3.5
Caraca, mas vale a pena? Tô achando que taxa de juros ainda vai subir bem mais em 2022. Sim mas isso está precificado ja , um juro de 12% acima dai não
Acho que o que vc disse é válido para as LTNs, mas eu sou bem mais cauteloso em relação às NTNBs. De qualquer maneira, a única que eu vou comprar são as NTNBs26 de qualquer maneira
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