Post by Deleted on Sept 25, 2017 16:25:56 GMT -3.5
Coréia do Norte melhor do que o Brasil, por incrível que pareça....
oglobo.globo.com/mundo/analise-arma-secreta-da-coreia-do-norte-a-economia-em-crescimento-1-21867800
Num momento em que a ONU acaba de impor um novo pacote de sanções à Coreia do Norte em resposta às suas provocações nucleares, talvez é importante tentar perceber o porquê deste tipo de resoluções falharem há mais de uma década. Uma das razões é que a economia norte-coreana tem crescido mais do que se pensa — e isso torna significativamente mais difícil o seu bloqueio por intermédio de sanções.
Parte das sanções atuais se baseiam na premissa que a economia da Coreia do Norte é um pesadelo socialista, mas esse já não é o caso. Embora o país ainda seja pobre, as estimativas apontam que o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 3,9% em 2016, estabelecendo-se em cerca de 28,5 bilhões de dólares, o maior crescimento dos últimos 17 anos. Os salários têm subido rapidamente, e o PIB per capita está agora no nível do de Ruanda, que costuma ser apontado como um exemplo econômico na África.
Este progresso deve-se em parte ao comércio permanente com a China que, não obstante os pedidos da comunidade internacional, tem se mostrado relutante em asfixiar ainda mais o país vizinho. Por exemplo, embora a China tenha aceitado em fevereiro proibir a importação de carvão norte-coreano, a importação de ferro disparou, e as trocas comerciais globais entre os dois países registaram um aumento de 10,5% nos primeiros seis meses do ano, cifrando-se nos 2,55 bilhões de dólares.
Nos últimos anos, as reformas econômicas implementadas em 2011 começaram a fazer efeito, permitindo aos gestores das fábricas estabelecerem salários, escolherem os próprios fornecedores e contratarem e despedirem funcionários. A agricultura em coletividade foi substituída por um sistema de gestão familiar, permitindo colheitas muito mais substanciais. E o governo tem até tolerado alguma iniciativa privada.
Os resultados são surpreendentes. Os vendedores de rua, antes uma raridade, são agora uma visão comum em Pyongyang. Em alguns bairros da capital multiplicam-se Mercedes e BMW, edifícios de luxo, supermercados modernos e lojas com as últimas tendências da moda. Embora o governo negue ter abandonado o tradicional sistema socialista, as provas são irrefutáveis: há estimativas que afirmam que o setor privado já representa quase metade do PIB.
Enquanto isso, dado o empobrecimento ainda difundido no país, pequenas melhorias, sejam na agricultura ou na gestão dos desastres naturais, originam crescimentos econômicos acentuados. O impressionante aumento do PIB no último ano deveu-se, em grande parte, à recuperação de uma grave seca que afetou a Coreia do Norte em 2015.
Para a população, a subida do nível de vida é obviamente uma boa notícia. O problema é que a economia ainda tem uma grande margem de crescimento antes que o progresso necessite do levantamento das sanções comerciais. Isso significa que pode demorar anos até que as novas sanções obriguem a uma mudança radical de comportamento. Até lá, a manutenção da ideologia nacional de auto-suficiência, conhecida por juche, parece uma possibilidade plausível.
O ditador Kim Jong-un parece querer seguir as pisadas do sul-coreano Park Chung-hee ou do chinês Deng Xiaoping, ou seja, tornar-se num reformista econômico com mão de ferro. Não obstante as repetidas violações dos direitos humanos, Park continua bem vivo na memória dos sul-coreanos por ter conduzido o país ao progresso econômico. E Deng ficou para a História como um dos maiores responsáveis por tornar a China o gigante econômico que é hoje. É fácil imaginar que, se o arsenal nuclear de Kim conseguir manter o poderio militar americano longe do país durante tempo suficiente, o líder norte-coreano pode deixar um legado parecido.
É claro que Kim enfrenta ainda enormes desafios, a começar pelas sanções que afastam a Coreia do Norte do mercado global. Os apparatchiki mais ortodoxos podem opor-se a novas reformas, uma população mais próspera pode começar a questionar a legitimidade de um governo comunista num país cada vez mais capitalista, e as bolhas de mercado podem desestabilizar a economia. Porém, mesmo a braços com uma pressão exterior excruciante e recursos limitados, a Coreia do Norte conseguiu nos últimos anos atingir os seus objetivos. Mais crescimento econômico só pode ajudar.
oglobo.globo.com/mundo/analise-arma-secreta-da-coreia-do-norte-a-economia-em-crescimento-1-21867800
Num momento em que a ONU acaba de impor um novo pacote de sanções à Coreia do Norte em resposta às suas provocações nucleares, talvez é importante tentar perceber o porquê deste tipo de resoluções falharem há mais de uma década. Uma das razões é que a economia norte-coreana tem crescido mais do que se pensa — e isso torna significativamente mais difícil o seu bloqueio por intermédio de sanções.
Parte das sanções atuais se baseiam na premissa que a economia da Coreia do Norte é um pesadelo socialista, mas esse já não é o caso. Embora o país ainda seja pobre, as estimativas apontam que o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 3,9% em 2016, estabelecendo-se em cerca de 28,5 bilhões de dólares, o maior crescimento dos últimos 17 anos. Os salários têm subido rapidamente, e o PIB per capita está agora no nível do de Ruanda, que costuma ser apontado como um exemplo econômico na África.
Este progresso deve-se em parte ao comércio permanente com a China que, não obstante os pedidos da comunidade internacional, tem se mostrado relutante em asfixiar ainda mais o país vizinho. Por exemplo, embora a China tenha aceitado em fevereiro proibir a importação de carvão norte-coreano, a importação de ferro disparou, e as trocas comerciais globais entre os dois países registaram um aumento de 10,5% nos primeiros seis meses do ano, cifrando-se nos 2,55 bilhões de dólares.
Nos últimos anos, as reformas econômicas implementadas em 2011 começaram a fazer efeito, permitindo aos gestores das fábricas estabelecerem salários, escolherem os próprios fornecedores e contratarem e despedirem funcionários. A agricultura em coletividade foi substituída por um sistema de gestão familiar, permitindo colheitas muito mais substanciais. E o governo tem até tolerado alguma iniciativa privada.
Os resultados são surpreendentes. Os vendedores de rua, antes uma raridade, são agora uma visão comum em Pyongyang. Em alguns bairros da capital multiplicam-se Mercedes e BMW, edifícios de luxo, supermercados modernos e lojas com as últimas tendências da moda. Embora o governo negue ter abandonado o tradicional sistema socialista, as provas são irrefutáveis: há estimativas que afirmam que o setor privado já representa quase metade do PIB.
Enquanto isso, dado o empobrecimento ainda difundido no país, pequenas melhorias, sejam na agricultura ou na gestão dos desastres naturais, originam crescimentos econômicos acentuados. O impressionante aumento do PIB no último ano deveu-se, em grande parte, à recuperação de uma grave seca que afetou a Coreia do Norte em 2015.
Para a população, a subida do nível de vida é obviamente uma boa notícia. O problema é que a economia ainda tem uma grande margem de crescimento antes que o progresso necessite do levantamento das sanções comerciais. Isso significa que pode demorar anos até que as novas sanções obriguem a uma mudança radical de comportamento. Até lá, a manutenção da ideologia nacional de auto-suficiência, conhecida por juche, parece uma possibilidade plausível.
O ditador Kim Jong-un parece querer seguir as pisadas do sul-coreano Park Chung-hee ou do chinês Deng Xiaoping, ou seja, tornar-se num reformista econômico com mão de ferro. Não obstante as repetidas violações dos direitos humanos, Park continua bem vivo na memória dos sul-coreanos por ter conduzido o país ao progresso econômico. E Deng ficou para a História como um dos maiores responsáveis por tornar a China o gigante econômico que é hoje. É fácil imaginar que, se o arsenal nuclear de Kim conseguir manter o poderio militar americano longe do país durante tempo suficiente, o líder norte-coreano pode deixar um legado parecido.
É claro que Kim enfrenta ainda enormes desafios, a começar pelas sanções que afastam a Coreia do Norte do mercado global. Os apparatchiki mais ortodoxos podem opor-se a novas reformas, uma população mais próspera pode começar a questionar a legitimidade de um governo comunista num país cada vez mais capitalista, e as bolhas de mercado podem desestabilizar a economia. Porém, mesmo a braços com uma pressão exterior excruciante e recursos limitados, a Coreia do Norte conseguiu nos últimos anos atingir os seus objetivos. Mais crescimento econômico só pode ajudar.