uqaz
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Post by uqaz on Oct 28, 2015 12:32:41 GMT -3.5
SEÇÃO I - INTRODUÇÃO
O que comprar? Quando comprar? A que preço?
Essas são perguntas muito difíceis que dependem do perfil de investimento de cada um.
Assim, as considerações a seguir serão feitas para aquele investidor que deseja acumular patrimônio de modo inteligente e lógico, mas não tem lá tempo de fazer análises muito complexas. Mas não se engane, simplicidade não é sinônimo de desleixo, com poucos dados será possível criar um conjunto de informações imenso, de modo a dar maior comprovação estatística às certezas aqui estabelecidas (importante notar que o método aqui apresentado, depois de criado e automatizado em planilhas eletrônicas, exige pouca manutenção, daí o seu grande atrativo...)
Aqui será ignorada completamente a subjetividade de escolhas de investimento. Coisas como vantagens competitivas ou penetração de mercado, o porquê de manutenção de margens etc. Da mesma forma características de mercado como volume, tendências e gráficos de cotações etc. Necessariamente, todas essas considerações podem até ser importantes para vc, mas acabam se traduzindo na evolução de lucros passados de uma empresa. Por isso, esta será a base do estudo: o valor que a empresa gerou para seus acionistas. A manutenção desta condição pode ser monitorada observando-se algumas métricas de análise fundamentalista (Análise Dupont, é a minha preferida)
Isto mesmo, pouco me importam as projeções que a empresa faz ou o preço da commoditty que ela usa como principal insumo ou qq outra coisa: se ela apresenta um passado de evolução de lucros robusta e persistente é apta a se virar bem em quaisquer cenários que se apresentem. Ainda mais no nosso cenário nacional, altamente volátil. Um investimento em empresas torna-se bastante desfavorável na média de nossa história tupiniquim... basta lembrar que aqui é o país da renda fixa. Contudo há momentos especiais onde a melhor alternativa pode ser o mercado de ações.
PREÇO É IMPORTANTE? Antes de respondermos esta pergunta, vou contar aqui uma historinha que inventei, que facilita entender o que um investidor realmente quer. Afinal, “tem gosto pra tudo”. Era uma vez, dois irmãos. Joaquim e Manuel. Joaquim foi o primeiro a nascer, já apresenta mais de 80% de sua cabeça na cor branca. Já não tem mais aquela gana de vencer na vida, expandir os negócios. Conseguiu um bom conforto. Quer é saber de vida boa, viajar, bons vinhos, enfim, uma vida fácil e sem aporrinhações. Ele possui uma padaria, a Fluxo de Caixa S.A. Todo ano, após custos e despesas, o lucro gerado é imenso para o padrão de vida deste velhinho. É tão grande que ele não sabe mais o que fazer com tanto dinheiro. Ao mesmo tempo ele não tem a mínima vontade de expandir sua produção anual de pães. Ele não precisa, pra que recriminá-lo, certo? Manuel possui mais cabelos escuros, porém bem menos que Joaquim, dado sua calvice originada de tanto coçar a cabeça. Sempre muito preocupado, decorrente de suas motivações em sempre querer expandir a produção de sua padaria, a Ganho de Capital S.A., ele ainda não está contente com a renda gerada por ela. É insuficiente para garantir a vida boa que seu irmão mais velho possui. Por isso, todo lucro anual que ele consegue com este empreendimento, reaplica para aumentar sua produção. O faz todo ano, religiosamente. Cinco anos depois do ano 1, sua produção dobra. Depois de outros cinco, quadruplica. Manuel tem uma padaria, mas é como se 10 anos depois tivesse quatro, dado o ganho de produtividade. Após estes dois parágrafos desta breve história, qual das duas padarias é a melhor? Pense bem, lembra que eu disse que não teríamos nada de subjetividade ou análises qualitativas, nada de “filosofias”...? A melhor padaria é aquela que consegue nos 5 anos posteriores uma soma de lucros superior a da outra! Como saber ou pelo menos chegarmos perto da resposta para isso? Uma outra questão que passa despercebida é a seguinte: Afinal, quanto custaram as padarias? Custaram caro ou barato? Se uma padaria produz x e 5 anos depois passa a produzir 2x, não seria correto dizer que o preço da padaria valorizou tbm 100% neste mesmo período? Não acho que tenha sido importante o preço pago pela padaria Ganho de Capital S.A.... qualquer que tenha sido. Já, se eu for comprar a padaria do Manuel, me importa o DY% que ela gera, não quero pagar caro, afinal deve me render mais que a minha alternativa financeira mais segura, por exemplo, a Poupança, certo? Pois bem, a TODO momento devemos escolher sobre qual padaria optar. Em épocas de altos juros de títulos públicos teremos boas opções de compra de investimentos geradores de um bom fluxo de caixa (Títulos pós-fixados e Fundos de Investimentos Imobiliários). Em momentos de economia pujante, teremos várias alternativas que nos gerem ganhos de capital (Ações de empresas). A pergunta natural é, como e quando saber o que compraremos? PREÇO SEGUE O LUCRO! Parece mentira, mas é verdade. É mentira para prazos curtos de meses... mas para prazos largos de cinco ou mais anos é verdade. Isso é mais verdadeiro ainda quando a evolução do lucro for crescente, forte, de modo a superar com folga a nossa crônica inflação brasileira. Sejamos honestos, nem de longe a inflação oficial é aquela do nosso dia-a-dia, sempre maior. É política deste estudo então considerar a pior inflação anual entre o IPCA e o IGP-M para futuras considerações. Ainda não acredita que o preço de um papel siga o crescimento de lucros de uma empresa? Pois bem, reflita sobre os números abaixo. introduo I.bmp (566.95 KB) Como exemplo escolhi 2 empresas do setor financeiro, que na data em que se escreve este relato parecem ser atrativas e outras duas do setor de consumo, as mais judiadas em épocas de recessão (como a atual) econômica e/ou efervescência política. A Cetip abriu capital recentemente e se nota que o lucro desde então subiu num ritmo de crescimento muito maior que o preço do papel. Motivos pra isso podem ser um preço de lançamento no IPO já caro, aversão à renda variável nos últimos anos (parece estar culminando em 2015 e 2016, mas ninguém pode prever isso...) etc. Conforme mencionado anteriormente, as causas são o de menos. O lucro líquido sobe incessantemente, porém parece estar perdendo força. A média de crescimento do período de 2010 a 2014 é de 34,8%aa...só que no último ano o lucro cresceu apenas 11,7%aa. A verdade é que quatro anos é um período curto para medirmos alguma coisa, veremos como a empresa atravessa a crise atual uma vez que nunca passou por um cenário de stress conjuntural, a mercado. O Itaú Unibanco possui um comportamento parecido com o da Cetip. Houve fusão com o Unibanco, o que infelizmente eliminou o histórico das antigas ITAU3, pré-fusão. Contudo, o crescimento do lucro líquido médio de 2002 até 2014 é de 8,9% aa. A empresa passou por duas crises fortes, em 2002 - 2003 e 2008 e ainda assim mantém um ritmo incessante de ganho de valor para seus acionistas (pode-se inferir que o papel deve ter subido de forma parecida ao lucro). De 2010 a 2014, a empresa evoluiu seu lucro em 8,6%aa e o papel apenas 1,8%aa. Ao fim de 2014 parecia haver aí um desequilíbrio pró compra. Comentarei mais a seguir. Notem como o setor de consumo está muito bem precificado pelo mercado. Reparem no prazo maior de dados em relação às empresas anteriormente comentadas. A MDIA3, após uma subida exagerada do papel, parece enfim estar encontrando com o ritmo de crescimento de seu lucro. Olhem como a queda do papel foi até exagerada, mas nada muito comovente para uma compra. Nos últimos 8 anos o preço sobe num ritmo de 11,2%aa enquanto o lucro, 14,3%aa. A M.Dias passou pela crise de 2008 ilesa...mas, e daqui pra frente? Por fim, observem a AmBev. Passou por duas crises fortes e ainda assim o preço segue perfeitamente o lucro, como observado em amarelo. Será que manterá esse desempenho? Podemos encontrar uma pista na análise dos dados. Conforme observado acima, dá pra perceber desequilíbrios momentâneos entre preço e lucro. Mas, no longo prazo em alguns momentos, deve haver um equilíbrio. Arrisco a dizer que é mais comum haver por mais tempo esses excessos, tanto para o desespero como para euforia. Aliás, isso é positivo, permite-nos tirar proveito destes desequilíbrios. Como seria entediante um mercado em equilíbrio, não acham? Assim, conclui-se que o sucesso do investimento em ações está em se encontrar a empresa que se deseja, independente do preço atual dela. Coloque no radar aquelas 10 – 20 empresas com crescimento de lucro robusto que vc encontrar. Acalme-se, vc vai comprá-las um dia, mas convém esperar por desequilíbrios como os atuais. Mas atente para o seguinte, o principal motivador da compra em si não será esse desarranjo momentâneo entre preço e valor (ritmo de geração de lucro líquido da empresa), esta será uma medida auxiliar apenas. Não se esqueça disso! A seguir faremos simulações e encontraremos referências para qual crescimento de lucro consideraremos forte e em relação a que devemos compará-lo, visando uma correta escolha de investimento para a quantia que dispomos no momento da compra.
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uqaz
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Post by uqaz on Oct 28, 2015 12:38:52 GMT -3.5
SEÇÃO II - CENÁRIOS DE REFERÊNCIA Nesta seção, iremos refletir sobre quais nortes devemos nos basear. Na seção anterior lembrou-se que o Brasil é o país da renda fixa, paraíso do rentista, a terra da inflação. Por isso nada mais justo que considerá-la em nossas elucubrações sobre o futuro. RETORNO E TEMPO DE RETORNO Nos últimos cinco anos pôde-se observar uma imensa variação de rentabilidade nos títulos públicos. Lembro que quando a Selic foi a 7,25%aa tivemos títulos pós NTN-Bs pagando 3,5% + IPCA. Atualmente estão pagando mais que o dobro, cerca de 7,5%aa + IPCA. O mesmo pôde ser observado nos fundos imobiliários... chegaram a pagar apenas 8%aa + IPCA/IGP-M, recentemente vi picos de 12-13%aa + IPCA/IGP-M e agora parecem pagar 11%aa + IPCA/IGP-M. Tivemos momentos em que era mais jogo comprarmos ações, como naqueles da Selic a 7,25%aa em 2012. Atualmente não parece ser mais o caso... Utilizando juros compostos a taxas reais, tracemos então alguns cenários, variando a taxas de juros de retorno de fundos imobiliários ou títulos públicos, obtendo seus respectivos tempos em que levam para dobrar um investimento. Chamamos isto em análise financeira de Preço/Lucro (P/L) cenarios ii.bmp (139.19 KB) Atualmente, nos últimos 12 meses, a cesta mais conservadora de fundos imobiliários que consigo pensar (em pesos iguais: AGCX, BBPO11, CXCE11B, EDFO11B, FCFL11B, FIIP11B e SAAG11) pagou +10,44% de proventos, líquidos de imposto de renda, nos preços atuais (não foi considerado o reinvestimento!). Observando a tabela acima, notamos que em aproximadamente 7 anos teríamos nosso investimento retornado em termos reais. O título NTN-B principal de 2035 atualmente rende 7,35% + IPCA. Aqui cometeremos o erro de considerar apenas a incidência de imposto de renda sobre a parte variável, com a alíquota mais barata possível, de 15%. Temos então que este título nos renderia, numa hipótese bem otimista, 6,33%aa + IPCA (necessariamente é menos que isso, uma vez que a alíquota incide tbm na correção de inflação...). Assim, teríamos o dobro em 11,90 anos. No estudo atual considero 3 hipóteses de investimento excludentes (como exercício!): i. ações de empresas e ii. fundos de investimentos imobiliários e iii. títulos pós-fixados. Desconsiderando percepções subjetivas de hierarquia de risco entre elas, cada uma destas cestas pode se tornar mais interessante que as outras em algum momento... basta oferecer o maior retorno! Parece que fundos imobiliários (conservadores) ou títulos possuem seus retornos mais “prováveis” se pensarmos que os mesmos andam respeitando e cumprindo com suas distribuições nos últimos anos. Mas o desempenho das empresas não pode ser descartado sem antes fazermos uma análise estatística conjunta. Pense uma empresa como uma terceirização de suas possibilidades de aumento de ganho de capital em relação a outras alternativas de fácil/prático investimento. Vc põe o seu dinheiro na mão de um gestor e se aproveita das linhas de rentabilidade que só a empresa dele proporciona. O motor aqui é mais dinâmico, queremos algo que gire mais rápido que as alternativas “fáceis” do parágrafo anterior. Perceba, não faz sentido para nós, por exemplo, uma empresa entregar 6%aa de incremento de lucro líquido anual, uma vez que vc pode, sem muito esforço, ganhar esta mesma rentabilidade na Poupança. Por outro lado, observe na tabela da seção anterior como determinadas empresas “vencem” a tal rentabilidade “segura”...é nelas que devemos focar, objetivando um investimento de longo prazo, visando acumulação de patrimônio. Na próxima seção discutiremos um método de extração de dados da evolução de lucros líquidos para tentarmos antever se um investimento numa empresa rivaliza ou não contra fundos imobiliários ou títulos.
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uqaz
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Post by uqaz on Oct 28, 2015 12:40:56 GMT -3.5
SEÇÃO III - ANÁLISE QUANTITATIVA DO RITMO DE CRESCIMENTO DE LUCROS DE UMA EMPRESA Na seção anterior definimos referências que devem ser vencidas por uma empresa para que ela mereça um investimento de nossa parte. Historicamente, títulos pós-fixados não costumam pagar mais que fundos imobiliários... mas não se acomode, o mundo anda mudando muito rapidamente. Pode ser que isso mude, o que se traduziria numa realidade dura em que se confiaria mais em imóveis para locação do que títulos de Estados Soberanos. Contudo, tomemos o relacionamento atual como o costumeiro: os títulos pagam menos que fundos imobiliários. Diante disso, podemos estabelecer que terá um desempenho medíocre aquela empresa que conseguir evoluir seu lucro por volta da mesma rentabilidade de um título NTN-B. Da mesma forma, caso o crescimento de lucro se iguale ou se aproxime daquela dos fundos imobiliários, podemos dizer que tal empresa poderia ser uma alternativa a estes. Vejamos o caso da evolução real de lucros de ITUB3 (considerando a variação de lucro de 2015 igual a mesma dos 12 meses anteriores ao resultado trimestral de 2T15. O mesmo vale para a inflação de 2015). IIIa.bmp (825.61 KB) Em amarelo, podemos ver o crescimento real médio anual de lucros líquidos tendo 2014 como referência. Note que as rentabilidades são as mesmas que aquelas apresentadas na sexta coluna da tabela da seção I. Em laranja, temos as variações individuais, em termos reais, de cada ano. Por exemplo, de 2011 a 2012 houve queda real de 16,3% do lucro. Essa perda não acontecia desde 2006, ano em que o lucro caíra -21%. Abaixo da diagonal laranja, encontram-se as variações de lucro médio reais entre anos. Por exemplo, o biênio de 2010-2012 não foi fácil, o lucro caiu nestes 2 anos 7,1%aa em média (linha em 2010, coluna em 2012). Acima da diagonal laranja são espelhados os crescimentos médios dos últimos 5 anos. Daqui a pouco explico o porquê disto. Veja a quantidade de combinações de crescimento que tivemos em 14 anos de evolução de lucros. É uma população considerável para um estudo estatístico. Falando em estatística, lembram dos conceitos de 1º quartil, 2º quartil (mediana) e 3º quartil? Não? Deem uma olhada em: www.inf.ufsc.br/~marcelo/AED05.pdfResumidamente, no 3º quartil temos a 25ª rentabilidade dos TOP 25 de melhores da população. É a 25ª melhor rentabilidade, claro, depois de enfileirá-las em ordem crescente. Depois temos mediana da amostra ou a 50ª melhor rentabilidade anual. Por fim, o 1º quartil é considerado o 25º pior rendimento anual ou o 75º melhor. Para achar estas métricas estatísticas, repeti os crescimentos anuais de lucro dos últimos 5 anos, eles estão ali acima da diagonal laranja. Fiz isso pois julgo que se deve dar um peso maior para um período mais recente da história da empresa. Vc poderia fazer o mesmo para os últimos 3 anos tbm, focando ainda mais na época atual da empresa ou qq outra combinação que desejar. A partir deste ponto podemos traçar os cenários de crescimento prováveis da empresa. Num cenário que chamo de Medíocre, o primeiro quartil de rentabilidades da tabela acima deve ser superior/parecido com as atuais taxas pagas pelos títulos pós-fixados (da seção II, 6,33%aa + IPCA lembra?). Para o Cenário Mediano, o 2º quartil deve tbm ser superior/semelhante às taxas pagas pelos fundos imobiliários (+10,44% + IPCA/IGP-M). No Cenário Otimista observamos o 3º quartil de crescimentos de lucros, com sorte talvez a empresa repita seu melhor momento. Pois bem, comparemos então os resultados. IIIb.bmp (87.45 KB) Viram como o Itaú Unibanco, mesmo sendo um excelente banco, mesmo criando valor para seu acionista ao longo do tempo não se apresenta como alternativa muito mais vantajosa em relação aos fundos imobiliários, atualmente? Não é que a empresa seja ruim, é que o caráter rentista de nossa economia está pulsando em direção a ativos mais voltados a um fluxo de caixa. Observaram também a relativa segurança que temos comprando este banco? Podemos dizer algo como: “se dermos azar teríamos uma evolução de lucros parecida com a de um título público”. Se tudo for regular e sem surpresas, o conseguiremos o mesmo que um fundo imobiliário. E se tivermos sorte, poderemos ganhar 13,97%aa no futuro. Cada um que veja o copo do jeito que quiser, seja meio cheio ou meio vazio. E que fique claro, esta é a foto do momento. Não dá para garantir que os fundos imobiliários continuarão pagando estes 10,44%aa reais. Mas hoje caso disponha de alguma quantia para investir, pode-se escolher entre esta cesta de fundos imobiliários ou ITUB3. Futuramente os fundos imobiliários podem pagar até mais, tornando-se mais atrativos em relação a ITUB3. E vice-versa. Agora faço as mesmas considerações de Itaú Unibanco para Cetip, M.Dias e Ambev. Vejam como estamos. IIIc.bmp (84.53 KB) Conforme conversamos na seção I, há que se ver estes números com reservas. A Cetip, por exemplo, abriu seu capital após as últimas crises fortes pelas quais o Brasil passou, não vimos como se comportou em épocas de stress, a mercado (estamos vendo isso agora). Nos últimos 12 meses (2T15) acumula uma rentabilidade de ganho real de lucro de 19,11%, nada mal. Mas veja lá hein, o histórico é curto, pode haver aí distorções de preço. Trataremos isto na próxima seção. A M.Dias já passou pela crise de 2008, por isso parece possuir um grupo de informações mais confiáveis. A empresa acumula 0% de crescimento nominal nos recém divulgados resultados de 9M15. Veja que a crise atual fez a performance atual ser uma das piores até aqui, mas não negativa como nos anos de 2007 ou 2010. Aparentemente estas duas empresas podem ser alternativas aos fundos imobiliários sem quaisquer dúvidas em termos de produção de valor para o acionista. Finalmente a Ambev é a empresa com maior tempo de Bolsa, por isso suas informações são mais confiáveis que as duas empresas anteriores. Também apresenta indicadores interessantes como Itaú Unibanco, mas não tanto quanto a Cetip, por exemplo. Nesta seção entendemos o porquê de o Mercado pagar “caro” pelas empresas apresentadas. São excelentes empresas, possuem históricos invejáveis em relação a outras colegas de Bolsa de Valores, mas para muitos possuem múltiplos e preços salgados. A seguir trataremos de saber, após termos descoberto essas pepitas, o momento de comprá-las. E lembre-se, busca-se aqui otimizar o ganho futuro, porque o trabalho de mitigação de riscos de perdas foi feito pelas análises acima. Preço segue lucro!
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uqaz
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Post by uqaz on Oct 28, 2015 12:42:36 GMT -3.5
SEÇÃO IV - PREÇO SEGUE LUCRO, MAS... Como mencionado anteriormente fizemos grande parte do esforço de se mitigar ao máximo os riscos de um investimento em ações. Porém, ainda podemos tomar cuidados adicionais, seja observando os números da empresa pela Análise Fundamentalista, seja ficando de olho nos preços de mercado da mesma. Após encontrarmos excelentes empresas, temos que nos convencer de que a evolução de lucro gerada por elas tende a se manter. Isso fazemos observando se está havendo a manutenção de margens, se o nível de endividamento é eficaz. São valores bastante diferentes entre setores de atuação, mas ainda assim podem ser comparados com valores históricos de uma mesma empresa. Por exemplo, há concessionárias com níveis de endividamento altíssimo quando comparadas a empresas de varejo. Cabe avaliar se estas empresas, no passado, tiveram níveis de endividamento parecidos e se este propiciou expansão consistente de lucro. Saber a origem dos lucros é passo importante para entender uma empresa. Lembro do caso da Eletropaulo, uma empresa que pagava vultosos dividendos há um tempo atrás. A empresa por 2 ou 3 anos mantinha um lucro bem alto se comparado com o atual, à base de persistentes multas recebidas da prefeitura de São Paulo. Um dia a Eletropaulo parou de receber esse lucro não-recorrente. Além disso, e por uma série de outros motivos a empresa viu seu lucro cair. E o preço seguiu essa realidade. Estratégias de acompanhamento de balanço são diversas e podem ser acompanhada em diversos tópicos deste fórum. Por não serem objetos deste estudo, peço que olhem tais tópicos. Até aqui traçamos uma “hierarquia de escolha” que o investidor deve tomar. Primeiramente enfatizou-se que que o que importa é possuir uma empresa que tenha um histórico longo de crescimento robusto e persistente de lucros líquidos (pois no fim, o preço da cotação segue o lucro). Depois, com uma atenção menor deve-se observar se a motivos para crer na manutenção desta condição... aqui é vc quem deve tomar esta decisão segundo o que lê, o que estuda, o que prefere, enfim segundo suas preferências pessoais. Descumpri um dos mandamentos deste estudo que é ser o mais racional possível, mas como já li em algum lugar: investir é uma arte. Pois bem, sobrou o ajuste fino da compra, o preço do papel que se deseja comprar. Na tal hierarquia isto está em último lugar, pois é sabido que nem todos possuem tempo e disposição para acompanhar constantemente as oscilações de preço dos papéis. FLUXO DE LUCRO LÍQUIDO DESCONTADO Como seria bom descobrirmos um preço justo para uma empresa. É bastante coerente admitir que o valor de uma empresa seria a soma de seus lucros futuros, claro, trazidos a valor presente por uma taxa de referência (como por exemplo, a poupança). Pois bem, segue a fórmula. Melhor que achar o preço justo de um papel é achar um P/L justo. O que parece ser trivial pode ser um imenso limitador para a compra de empresas. Nós, humanos, tendemos a querer criar regras e normatizar coisas, de modo a poder compará-las. A pergunta é “O que parece estar mais barato, num conjunto de papéis?”. A fórmula acima solicita o lucro por ação atual, particular de cada empresa. A taxa de crescimento deste lucro, tbm específica de cada empresa, par aum bom chute depende de seus históricos passados de lucros. A taxa de desconto (neste estudo usaremos a referência da cesta de fiis ou 10%aa reais). Em seguida basta fixar um tempo de crescimento de lucros, digamos, 5 anos. Por fim adotemos que a taxa de crescimento na perpetuidade seja de 0%aa reais. Em seguida testamos várias empresas e seus respectivos preços de mercado e assim termos as empresas mais baratas para se comprar! Não é objeto deste estudo fazer assunções especificas, pois o assunto é amplamente debatido em vários tópicos deste fórum. Aqui vou criticar este método, o qual outrora fui apaixonado... Na seção II observamos que fundos imobiliários, que não possuem crescimento de seus lucros dobram em termos reais o capital investido em cerca de 7,27 anos (usando uma taxa de +10%aa). Já, se utilizarmos a fórmula acima (taxa de desconto de 10%aa, crescimento t e g de 0%aa e n qualquer) encontramos um P/L justo de 10x. Notaram a diferença? Ela acontece pelo peso excessivo que o termo de perpetuidade no segundo membro da fórmula tem no valor final. Note que de 7,27x para 10x temos uma discrepância de 38%! Ou seja, por uma interpretação errada (escolhas equivocadas de parâmetros da fórmula) estaríamos errando ao esperar por um preço justo. O mesmo acontece com a precificação de ações. Erramos ao firmar um período fixo de crescimento! Veja, na seção I vimos que ITUB3 cresceu seu lucro em notáveis 8,9%aa, por 12 anos (e não cinco como estabelecemos na fórmula)! E continua a crescer seu lucro em velocidade maior ou igual nestes últimos anos. Por isso, sugere-se aqui não se guiar apenas pelos P/Ls atuais das empresas...eles podem parecer inchados, mas não embutem o crescimento de lucros futuros tampouco a sua duração. Por outro lado, caso uma ação oferecer margem de segurança usando este critério, mais um motivo para comprá-la, por que não? ITUB3, por exemplo, apresenta um P/L atual de 6,38x (com o atual lucro, desconsiderando qualquer crescimento real ou nominal). Quer dizer, está mais barata que a cesta de fundos imobiliários, por este critério. Aliás, embute aí uma queda de lucros real de cerca de 11%aa durante 5 seguidos anos... um absurdo para este banco! Dado que num cenário medíocre o crescimento de lucros seria de +6,33%aa me parece que o Mercado anda batendo demais em ITUB3. Pra variar, sem um motivo aparente, apenas por temores. A MDIA3, apresenta um P/L de 12x. Num período de 5 anos de crescimento de lucro, este P/L espelha um crescimento de + 4%aa. Notem que num Cenário Pessimista, o lucro sobe 6,23%aa. Um investimento feito aqui que dobra em cerca de 11,9 anos. Ou seja, a este preço parece estar justamente precificada pelo mercado. A CTIP3 apresenta um P/L por volta de 20x. A maioria dos investidores baseados em análise fundamentalista a acharia cara. Pudera, pela fórmula, em 5 anos, ela necessita crescer seu lucro líquido anual em 18%aa em termos reais. “Haja crescimento...”, pensa o analista. Mas, veja bem, como vimos anteriormente, num cenário medíocre o lucro sobe cerca de 15,22%aa. “Ainda inferior aos 18%aa da fórmula” diria o chato. Mas se ignorarmos os cinco anos e a perpetuidade, com este crescimento real de 15,22%aa o investimento dobraria em 4,9 anos! E o preço em algum momento seguiria isso. Não digo nestes 4,9 anos, mas num prazo mais largo. Parece ser uma barbada. Considerações parecidas poderiam ser feitas para Ambev, que possui um múltiplo “caríssimo” de 25x. Mas aqui há um porém, o investimento parece ser um pouco menos interessante em relação aos fundos imobiliários. O cenário pessimista é em linha com os títulos pós-fixados. Mas, com um pouco mais de sorte teremos uma evolução de lucros melhor, num cenário mediano de 11,80%aa, parecida com a de um fundo imobiliário, que retorna o investimento inicial em uns 7 anos. Mesmo se dermos azar e a empresa performar de maneira medíocre o lucro dobraria em 12 anos...muito diferente do que o P/L de 25x atual nos diz. Vimos aí o quão danosa pode ser a métrica P/L ... uma boa ideia de Ben Graham, mas criada sob medida para um mercado de crescimento muito lento, quase 0%aa. Até aqui comparamos dados históricos da empresa com os valores atuais de mercado e lucro. P/L MÁXIMOS E MÍNIMOS E GAPS DE EVOLUÇÃO Aqui tentamos identificar discrepâncias de mercado. A análise é trivial e por isso deve ser a última coisa a se olhar visando a compra de uma empresa. Façamos a análise através de exemplos. Seguem os P/Ls históricos da empresa (aqui o LPA é calculado em cima do lucro do ano xx, sendo que o preço do papel é de 31/12/xx. Para o ano de 2015 toma-se o múltiplo atual, com o preço atual): - Itau Unibanco 2002 16,23x 2003 20,61x 2004 23,92x 2005 23,71x 2006 42,90x 2007 25,80x 2008 14,06x 2009 17,49x 2010 13,50x 2011 10,56x 2012 11,20x 2013 9,74x 2014 8,17x 2015 6,38x Nos últimos 3 anos, o lucro subiu em média +14,36%aa em termos reais. Já o preço, caiu -4,61%aa nesses mesmos três anos. Em cinco anos, a diferença entre os crescimentos médio de lucro e preço é de 9%aa. Pelos dados acima, parece haver uma clara discrepância de valor e preço. Agradeça ao Mercado. - Cetip: 2009 47,54x 2010 52,63x 2011 30,97x 2012 23,70x 2013 17,45x 2014 19,69x 2015 19,43x De modo parecido à ITUB3, nos últimos 3 anos o lucro subiu em média +10,66%aa em termos reais. Já o preço, subiu apenas +6,63%aa nesses mesmos três anos. Em cinco anos, a diferença entre os crescimentos médio de lucro e preço é de 19,54%aa! A diferença tá demais, toda a gordura do IPO parece estar sendo diluída. - M.Dias (dados 2T15): 2007 35,69x 2008 10,49x 2009 13,58x 2010 12,77x 2011 14,60x 2012 18,81x 2013 21,65x 2014 17,24x 2015 12,15x Essa aqui parece estar começando a ficar bacana por este critério. Nos últimos 3 anos, a diferença entre crescimento médio de lucro e preço foi de 13,83%aa. Em cinco anos, a diferença entre os crescimentos médio de lucro e preço é de -0,36%aa. Em cinco anos a evolução de preço enfim cedeu ao lucro...o preço segue o lucro não se esqueçam. E pensar que o P/L dessa bicha há alguns meses atrás estava no patamar de 2008...paciência. - Ambev 2007 15,83x 2008 12,16x 2009 17,97x 2010 20,58x 2011 24,06x 2012 25,68x 2013 23,77x 2014 20,78x 2015 24,39x Aqui só ficamos nisso, uma vez que o papel mudou de código de AMBV3 pra ABEV3. Os múltiplos acima foram obtidos diretamente do RI da empresa. Por este critério parece estar um pouquinho cara, não acham? A seguir, enfim, trataremos de achismos e perspectivas, além de resumirmos os estudos tratados nas seções anteriores.
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uqaz
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Post by uqaz on Oct 28, 2015 12:43:12 GMT -3.5
SEÇÃO V - CONSIDERAÇÕES FINAIS E PALPITES
Neste estudo se procurou tentar mostrar como relacionar cestas de ativos. A todo momento a atratividade das mesmas muda e devemos estar vigilantes (mas nem tanto) a alteração das realidades de investimento. Não há cesta melhor que a outra, elas estão em constante disputa pelo nosso din-din.
Gostaria de lembrar novamente que dá pra se descobrir a qualquer momento qual empresa a se comprar, e apenas que momento de compra pode ser postergado. De novo (aff) descubra empresas que possuam crescimentos médios robustos e contínuos, da ordem de 8%aa ou mais em termos reais por um grande período de tempo, de preferência acima de 7 anos. Seguindo esta prática o investidor conseguirá incrementar facilmente seu patrimônio de uma forma mais rápida (mas nem tanto hein...) caso optasse por investimentos mais fáceis e comuns como fundos de renda fixa ou poupança.
Escolhidas as empresas, dê uma olhada nos seus balanços e até em resultados recentes de anos recentes para ver como a empresa vem enfrentando a realidade atual. Por exemplo, falamos de Ambev, mas não conversamos sobre o desempenho atual do ritmo de crescimento de lucros. De 2001 a 2014 a empresa incrementou seus lucros numa velocidade de 13,6%aa. De 2007 a 2014, a velocidade caiu para 5,94%aa. De 2013 a 2014, apenas 1,92%aa. Note como a empresa vem estagnando... mas, em 1S15 o lucro cresce 6% em 12 meses o período de estagnação acabou e estaríamos começando uma nova pernada de produtividade? Entenda o porquê destas alterações para ganhar maior confiança sobre qual investimento a realizar.
Após todas estas considerações, acompanhe o preço. Épocas de desespero dos mercados costumam oferecer oportunidades pra quem aporta vez em quando. Se vc aplica todo mês, pode ficar indiferente a estas oscilações, dedicando maior aporte em ações que entenda estarem mais baratas q outras.
Fiz questão de citar as melhores empresas que tenho em vista, porém seguem outras para acompanhamento (e agradeceria se os amigos citassem empresas de desempenho parecido...): ESTC3, TOTS3, EZTC3, RADL3, IGTA3, MPLU3, ODPV3, TAEE11, LREN3, PSSA3, CIEL3, PNVL3, GUAR3, RENT3 e UGPA3.
Apesar de serem excelentes empresa, não possuo nenhuma. Hoje prefiro fundos de investimento imobiliário pois me agrada muito o rendimento mensal, além de encontrar fiis (mais arriscados que aqueles expostos aqui) pagando 11,5%aa, atualmente. Agrada-me muito o fato de eles possuírem lastro físico em tijolos bem localizados, espalhados pelo Brasil, sem contar os diversos setores econômicos os quais seus locatários atuam. Há uma imensa diversidade e várias opções de diluição de risco individual.
Do jeito que vejo a coisa, podem ocorrer dois eventos que mudariam o atual relacionamento entre fiis e ações na nossa atual conjuntural. No primeiro deles nossa economia se recupera, e desta forma os juros futuros cedem, fazendo as cotas de fii se valorizarem...mas para a tristeza dos fiizeiros, haveria queda no DY. Neste momento as ações aqui discutidas se tornariam mais atrativas e eu seria forçado a comprá-las com uma vontade maior que já tenho. Poderíamos, por que não, vislumbrar DY de 9%aa nos fiis para os próximos anos, que os tornaria bem menos atrativos que atualmente. Um evento mais radical que apresentaria um efeito parecido seria a tributação sobre os rendimentos mensais dos fundos imobiliários. Tirando o IR de 10%aa, teríamos 8,5%aa. Importante notar que as cotas tenderiam a cair.
Contudo, a economia pode continuar a patinar por um bom período. Isto reduziria o ritmo de crescimento de lucro de empresas real, seja devido a uma persistente inflação, seja tornando-as menos atrativas ainda aos fiis. Os fiizeiros adorariam q isto acontecesse... Claro que há exceções, mas no todo seria isto, assim como haveria fiis sofrendo pelo fato de seus locatários estarem em situação difícil. Mas nada que uma correta escolha e pulverização de riscos não amenize.
É isso pessoal, espero que tenham gostado. Se forem fazer perguntas ou considerações, gostaria que tivessem a paciência de ler essas mais de 5000 palavras antes. Não me importa se vc goste de fazer trades ou tiros mais curtos, e sim se vc quer acumular patrimônio e ficar rico numa maratona.
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Post by cadu28 on Oct 28, 2015 13:16:50 GMT -3.5
Sensacional sua análise Uqaz! Mostrou uma lucidez e objetividade ímpar! E captou bem a essência da AF. O mercado é irracional no CP, e tende a reagir de forma exacerbada as notícias e cenários, tanto p/ cima quanto p/ baixo. E é exatamente aí que a AF entra, p/ tirar este ruído do CP, e nos mostrar onde o mercado está exagerando no preço, e fazer a compra/venda do ativo. Ou seja, AF nada mais é do que a arte de não prestar atenção ao ruído. E te faria uma pergunta. No LP, a partir de 15 anos, a bolsa não seria o investimento mais rentável? Logo, pensando em um investimento de LP, pq não comprar logo ações? Não temos muito estudos sobre isso aqui no Brasil, até pq nosso mercado ainda é muito incipiente. Mas temos diversos estudos deste no mercado americano. O Siegel, no livro investindo em ações no LP, mostra no seu estudo que em períodos acima de 15 anos o risco de se investir em ações é inferior ao da RF, descontando a inflação. Está certo que a dinâmica lá é outra, a economia já é madura, tem baixa taxa de juros e inflação. Mas será que mesmo com estas diferenças, a dinâmica não poderia se aplicar aqui tb? Vou trazer p/ aqui aquele post que fiz na CAFI sobre baixa volatilidade, acho que se encaixa bem neste perfil: "Agora eu já estou fazendo isso tem algum tempo, uns 2 anos. E os meus maiores lucros neste período, foram nestas empresas. O que me levou a isso foi quando comecei a me deparar com estudos mostrando bons retornos no LP com empresas de baixa volatilidade. Comecei a acompanhar esta lista, e realmente tem muita empresa "a prova de crise" ali. E a maioria delas está dando uma banana p/ o P/L. P/ exemplificar, acabei de atualizar a lista, só excluindo empresas com vol médio financeiro abaixo de 500k diário. Seguem as empresas hoje com baixa volatilidade: Outras que ficaram por muito pouco fora da lista, mas que tb tem baixa volatilidade, na casa dos 30 aos 33: GRND3, ETER3, PSSA3, PCAR4, ITSA4 e ABCB4. E se vc aliar empresas de baixa volatilidade + bom DY, a lista fica melhor ainda!"
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Post by mlemos on Oct 28, 2015 13:21:56 GMT -3.5
Excelente estudo Uqaz! Qual sua lista de FII de 11,5%aa? Qual o melhor site para estudar os FII? Obrigado, MLemos.
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uqaz
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Post by uqaz on Oct 28, 2015 13:36:43 GMT -3.5
Sensacional sua análise Uqaz! Mostrou uma lucidez e objetividade ímpar! E captou bem a essência da AF. O mercado é irracional no CP, e tende a reagir de forma exacerbada as notícias e cenários, tanto p/ cima quanto p/ baixo. E é exatamente aí que a AF entra, p/ tirar este ruído do CP, e nos mostrar onde o mercado está exagerando no preço, e fazer a compra/venda do ativo. Ou seja, AF nada mais é do que a arte de não prestar atenção ao ruído. E te faria uma pergunta. No LP, a partir de 15 anos, a bolsa não seria o investimento mais rentável? Logo, pensando em um investimento de LP, pq não comprar logo ações? Não temos muito estudos sobre isso aqui no Brasil, até pq nosso mercado ainda é muito incipiente. Mas temos diversos estudos deste no mercado americano. O Siegel, no livro investindo em ações no LP, mostra no seu estudo que em períodos acima de 15 anos o risco de se investir em ações é inferior ao da RF, descontando a inflação. Está certo que a dinâmica lá é outra, a economia já é madura, tem baixa taxa de juros e inflação. Mas será que mesmo com estas diferenças, a dinâmica não poderia se aplicar aqui tb? Vou trazer p/ aqui aquele post que fiz na CAFI sobre baixa volatilidade, acho que se encaixa bem neste perfil: "Agora eu já estou fazendo isso tem algum tempo, uns 2 anos. E os meus maiores lucros neste período, foram nestas empresas. O que me levou a isso foi quando comecei a me deparar com estudos mostrando bons retornos no LP com empresas de baixa volatilidade. Comecei a acompanhar esta lista, e realmente tem muita empresa "a prova de crise" ali. E a maioria delas está dando uma banana p/ o P/L. P/ exemplificar, acabei de atualizar a lista, só excluindo empresas com vol médio financeiro abaixo de 500k diário. Seguem as empresas hoje com baixa volatilidade: Outras que ficaram por muito pouco fora da lista, mas que tb tem baixa volatilidade, na casa dos 30 aos 33: GRND3, ETER3, PSSA3, PCAR4, ITSA4 e ABCB4. E se vc aliar empresas de baixa volatilidade + bom DY, a lista fica melhor ainda!" Vai bombar sim, mas não por características específicas de cada empresa. Vai bombar pq há 5 anos o mercado variável do Brasil escorrega no quiabo. Segue o MSCI Brazil, que resume o que estou querendo dizer. finance.yahoo.com/echarts?s=EWZ+Interactive#{%22range%22:%22max%22,%22allowChartStacking%22:true} O Real está muitíssimo desvalorizado (por motivos internos e externos). O dólar está em bolha... praticamente tudo o que comprarmos em renda variável, hoje, vai vingar, de fiis a ações. Eu só acho que os fiis estão numa posição melhor dada a inflação insistente que se seguirá nestes próximos 2 anos. Recentemente observei a WEGE, por exemplo, puta empresa, mas com um crescimento real em linha com o dos títulos NTN-Bs. O risco de se ficar esperando a economia melhorar não está valendo neste caso específico. E tem mais, nos últimos anos andei observando que a correlação de ações e fiis é meio fraca...quer dizer, os fiis podem subir quando as ações caem, permitindo uma migração de cestas. Costuma haver uma janela boa de semanas. Aconteceu este ano. Aconteceu em 2014 nas eleições. Em 2012 tbm. Sobre o mercado gringo, eu acho que as janelas de compra de ações aqui são mais curtas normalmente, aqui a renda fixa entrega um yield muito alto. Difícil pras poucas empresas boas de bolsa vencer esse troço. Mas novamente, este é o cenário normal...não estamos nele, estamos num exagero de correção do mercado acionário que só cai, cai, cai... É como escrevi aí em cima. Se vc compra algo bom, vais se dar bem (beeeeeem em relação aos títulos públicos)... agora se esperar pelas quedinhas do ibov, vias comprar na crista da onda. Eu não tive coragem de comprar este ano...mas nas próximas dores de barriga vou tentar trocar fiis por ações. Sobre a volatilidade que vc aponta, ela é consequência da máquina de lucros que é uma empresa. Onde não tem surpresa negativa, não tem volatilidade, faz sentido.
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uqaz
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Post by uqaz on Oct 28, 2015 13:44:27 GMT -3.5
Excelente estudo Uqaz! Qual sua lista de FII de 11,5%aa? Qual o melhor site para estudar os FII? Obrigado, MLemos. MXRF11 FAED11B (daqui a pouco com reajuste) AEFI11 JSRE11 HCRI11B/NSLU11B EDFO11B (tem q pescar) BCFF11B RNDP11 MBRF11 (teta) CTXT11 CXCE11B (tem q pescar) HGRE11 (atentar que vai ficar congelado por um bom tempo) Todos possuem riscos. Basta comprar um pouco de cada, sem se iludir e escolher o que paga mais.
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rst
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Post by rst on Oct 28, 2015 13:46:10 GMT -3.5
Qual o melhor site para estudar os FII? Tetzner seria a primeira resposta de muitos em virtude da comunidade que se formou por lá. o Bastter também tem algum material. Porém, para obter dados históricos, relatórios, etc, o meu preferido é o site fiis.com.br recomendo bastante este último (não tenho qualquer vinculação com o site, divulgo apenas porque sou da filosofia de que trabalho bom e gratuito merece ser apoiado sempre) O jigsaw costuma indicar um outro site, mas não lembro de cabeça.
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Post by cadu28 on Oct 28, 2015 14:03:05 GMT -3.5
Excelente estudo Uqaz! Qual sua lista de FII de 11,5%aa? Qual o melhor site para estudar os FII? Obrigado, MLemos. MXRF11 FAED11B (daqui a pouco com reajuste) AEFI11 JSRE11 HCRI11B/NSLU11B EDFO11B (tem q pescar) BCFF11B RNDP11 MBRF11 (teta) CTXT11 CXCE11B (tem q pescar) HGRE11 (atentar que vai ficar congelado por um bom tempo) Todos possuem riscos. Basta comprar um pouco de cada, sem se iludir e escolher o que paga mais. Está fora do FIIP11B? Este eu considero hoje uma teta.
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Deleted
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Post by Deleted on Oct 28, 2015 14:02:48 GMT -3.5
Qual o melhor site para estudar os FII? Tetzner seria a primeira resposta de muitos em virtude da comunidade que se formou por lá. o Bastter também tem algum material. Porém, para obter dados históricos, relatórios, etc, o meu preferido é o site fiis.com.br recomendo bastante este último (não tenho qualquer vinculação com o site, divulgo apenas porque sou da filosofia de que trabalho bom e gratuito merece ser apoiado sempre) O jigsaw costuma indicar um outro site, mas não lembro de cabeça. Tem esse aqui link que eu gosto bastante. Inclusive tem página no Facebook.
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Post by Minkowski on Oct 28, 2015 14:05:13 GMT -3.5
Excelente estudo Uqaz! Qual sua lista de FII de 11,5%aa? Qual o melhor site para estudar os FII? Obrigado, MLemos. MXRF11 FAED11B (daqui a pouco com reajuste) AEFI11 JSRE11 HCRI11B/NSLU11B EDFO11B (tem q pescar) BCFF11B RNDP11 MBRF11 (teta) CTXT11 CXCE11B (tem q pescar) HGRE11 (atentar que vai ficar congelado por um bom tempo) Todos possuem riscos. Basta comprar um pouco de cada, sem se iludir e escolher o que paga mais. Tem RNGO, EDGA, BPFF e FIIP também.
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uqaz
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Post by uqaz on Oct 28, 2015 14:10:20 GMT -3.5
MXRF11 FAED11B (daqui a pouco com reajuste) AEFI11 JSRE11 HCRI11B/NSLU11B EDFO11B (tem q pescar) BCFF11B RNDP11 MBRF11 (teta) CTXT11 CXCE11B (tem q pescar) HGRE11 (atentar que vai ficar congelado por um bom tempo) Todos possuem riscos. Basta comprar um pouco de cada, sem se iludir e escolher o que paga mais. Tem RNGO, EDGA, BPFF e FIIP também. kkk, esqueci de FIIP. RNGO, EDGA e BPFF (SPTW q tbm tenho!) possuem um risco mais acentuado que as alternativas que pus.
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uqaz
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Post by uqaz on Oct 28, 2015 14:12:52 GMT -3.5
Agora me encontrem essa quantidade de ações de empresas boas, subindo seus lucros há anos numa velocidade 11,5%aa...mostrem aí que eu quero ver!
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Post by Minkowski on Oct 28, 2015 14:13:25 GMT -3.5
uqaz ,é importante ressaltar aí que só está certo se for o dividendo por ação, o dinheiro que vem para o acionista. Evidentemente não têm o mesmo preço justo duas empresas com o mesmo LPA e crescimento porém com diferentes payouts. A fórmula também não pegaria então alterações de payout , enfim. Com poucas alterações se constrói uma fórmula um pouco melhor. Parabéns pela análise.
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Post by Minkowski on Oct 28, 2015 14:15:16 GMT -3.5
Agora me encontrem essa quantidade de ações de empresas boas, subindo seus lucros há anos numa velocidade 11,5%aa...mostrem aí que eu quero ver! uqaz, não precisa subir 11,5% a.a. o lucro! A soma do crescimento do lucro com os dividendos deve ser de 11,5% a.a. (a soma do crescimento da padaria com as novas padarias).
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rst
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Post by rst on Oct 28, 2015 14:39:00 GMT -3.5
Tetzner seria a primeira resposta de muitos em virtude da comunidade que se formou por lá. o Bastter também tem algum material. Porém, para obter dados históricos, relatórios, etc, o meu preferido é o site fiis.com.br recomendo bastante este último (não tenho qualquer vinculação com o site, divulgo apenas porque sou da filosofia de que trabalho bom e gratuito merece ser apoiado sempre) O jigsaw costuma indicar um outro site, mas não lembro de cabeça. Tem esse aqui link que eu gosto bastante. Inclusive tem página no Facebook. era esse mesmo (lembrava que era "investidor" + alguma coisa). Obrigado volverine
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uqaz
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Post by uqaz on Oct 28, 2015 15:55:45 GMT -3.5
uqaz ,é importante ressaltar aí que só está certo se for o dividendo por ação, o dinheiro que vem para o acionista. Evidentemente não têm o mesmo preço justo duas empresas com o mesmo LPA e crescimento porém com diferentes payouts. A fórmula também não pegaria então alterações de payout , enfim. Com poucas alterações se constrói uma fórmula um pouco melhor. Parabéns pela análise. Será? Em tese, o ritmo de crescimento de dividendos, em regime permanente, deve ser igual ao ritmo de crescimento de lucro. Sendo assim, em teoria não importa muito o pay out: o pingado seria reinvestido na empresa mesmo, pois a graça está em se surfar na produtividade da empresa, certo? A origem dos pingados dos FIIs vem toda originada de seus lucros tbm. E o que se faz? Reinveste-se neles na falta de alternativas. Eh o mesmo que ter pay out de 0%. Sobre a fórmula, estou deixando de considera-la. Aquela parte residual da perpetuidade distorce muito a análise. Como fale, eh maldade crer que ITUB3 cresça seu lucro por apenas 5 anos...esse chute quase sempre errado leva a má interpretação da empresa.
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uqaz
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Post by uqaz on Oct 28, 2015 15:59:00 GMT -3.5
Agora me encontrem essa quantidade de ações de empresas boas, subindo seus lucros há anos numa velocidade 11,5%aa...mostrem aí que eu quero ver! uqaz, não precisa subir 11,5% a.a. o lucro! A soma do crescimento do lucro com os dividendos deve ser de 11,5% a.a. (a soma do crescimento da padaria com as novas padarias). não, já incorri no seu mesmo erro kkk. Vc não deve somar o LPA com o pingado do mesmo ano...esse pingado saiu do LPA anterior. O resto desse LPA foi usado em reivnestimento na empresa. E assim vai, alimentando crescimento. Se vc for somar tudo ao longo do tempo o resultado será a soma dos LPAs! Sem tirar nem por nada a mais.
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